Da comédia à ficção, entenda as características dos diferentes gêneros cinematográficos
Quem não gosta de um bom filme? Há quem seja mais eclético e transite entre diferentes tipos de filme, e quem sempre busque (ou passe longe de) um determinado gênero do seu gosto. O que nem todos sabem é que existem dezenas de tipos de produção que vão além das conhecidas comédias, romances ou terror. Resgatamos a terceira temporada do Cinematógrafo, dedicada a entender melhor as características e peculiaridades dos gêneros e subgêneros do cinema, para mostrar um panorama do cinema. Quem sabe você não passe a escolher os filmes que irá assistir tendo como base um gênero cinematográfico?
Não dá para começar a falar de terror, exploitation e noir sem antes antes entender o que define um gênero cinematográfico. A professora e chefe do Departamento de Fotografia e Cinema da UFMG Ana Lúcia Andrade explica como eles surgiram e os principais representantes de cada gênero.
TERROR
Susto, medo e entusiamo. Esses são alguns dos sentimentos e expectativas dos fãs de filmes de terror. O gênero nasceu no mesmo período do cinema e ainda hoje faz sucesso com seus monstros, abordagens psicológicas e perseguições. A pesquisadora e professora da UEMG, Rita Ribeiro, comenta os clássicos da telona e ainda relembra personagens míticos do cenário nacional, como Zé do Caixão.
COMÉDIA E COMÉDIA MALUCA
A comédia foi um dos gêneros fundadores no cinema. Ela saiu do palco dos teatros e foi para a telona desde a criação do cinema e ficou consagrada por ícones como Charles Chaplin. A comédia maluca – a screwball comedy – explodiu nos cinemas nas décadas de 30 e 40 e suas características persistem até hoje. O gênero se destacou pela batalha dos sexos e o humor provocativo temperado pela sátira da história do amor tradicional.
WESTERN E FAROESTE ESPAGUETE
Bang, Bang!! Difícil não falar em western e não vir imediatamente à cabeça a imagem de “bandidos e mocinhos” travando uma disputa empunhando suas pistolas e chapéus de cowboy. O western, ou faroeste, influenciou muito o cinema com seus cowboys e sua exploração de ambientes degradados.
As produções hollywoodianas de western ganharam as telas no início do século XX. O gênero passou por diferentes fases e tem versões fora de Hollywood, como o Faroeste Espaguete, uma versão italiana do gênero. Essas produções famosas eram gravadas na Itália e consagraram atores de peso, como Clint Eastwood. O ator e diretor americano estrelou um dos clássicos do gênero, “Três homens em conflito”, de Sergio Leone, que tem sua trilha sonora recordada no mundo até hoje.
No estúdio, quem fala sobre o assunto é o doutor em Artes e Cinema José Ricardo Júnior, que dirigiu “Eu é Geraldo”.
FILMES NOIR
O noir é um subgênero policial – ou estilo, como muitas pessoas acreditam – que ficou muito popular entre as décadas de 1930 e 1950, com histórias sombrias de crimes e investigações, pessoas à espreita, e a presença de femme fatales e detetives. As obras do período ficaram marcadas, principalmente, pelo jeito escuro e contrastado de filmar, que refletia bastante o espírito de pós-guerra da época. O gênero foi batizado pelo crítico francês Nino Frank em 1946, logo após a 2ª Guerra Mundial. Este universo é explorado com o professor e pesquisador José Ricardo Júnior.
MUSICAL
Amado por uns, odiado por outros… O musical é um daqueles gêneros que hoje divide o público, mas que já fez muito sucesso e teve a sua época de ouro entre as décadas de 1940 e 1950. Filmes como “Cantando na Chuva”, “A Noviça Rebelde” e “O Mágico de Oz” encheram as salas para encantar o cinema. A professora e pesquisadora Rita Ribeiro conta histórias e curiosidades desse gênero.
Falou-se em filme musical, impossível não recordar a melodia e os versos de Cantando na chuva, de Stanley Donen e Gene Kelly – que também cantarolou a canção que ficou eternizada. No quadro “Ponto de Vista”, a crítica Larissa Padron, do canal Fora do Padron, no YouTube, fala sobre esse clássico.
EXPERIMENTAL
O cinema experimental tem uma trajetória múltipla, espalhada por toda a história do cinema, desde os seus primórdios até as vanguardas da década de 1920 e os dias atuais. É até difícil definir se o experimental de fato é um gênero, mas uma coisa é certa: é um cinema na contramão das regras comerciais. Quem fala sobre as diferentes faces do experimental é o professor e pesquisador Leo Vidigal.
GIALLO
Giallo, em italiano, significa amarelo, mas no cinema a cor ganha um tom mais tenebroso, carregado de suspense e assassinatos e temperado com muita violência e erotismo. O giallo é um gênero literário e cinematográfico italiano que fez muito sucesso entre as décadas de 1960 a 1980. Os filmes, inspirados em suspenses e romances policiais, envolvem histórias de detetives, perseguições, assassinatos, thriller psicológicos, sexploitation, slasher, que atraem por suas imagens vibrantes e violentas. O diretor italiano Dario Argento, que na década de 70 lançou diversos títulos que ganharam admiradores no mundo, é um dos grandes representantes do giallo. O cineasta Flávio Von Sperling é quem fala sobre os filmes gialli que conquistaram o público por duas décadas.
EXPLOITATION
Filmes feitos com pequeno orçamento, trash e de baixa qualidade. Normalmente apelativos, que são explícitos em questões como drogas, sexo e violência, e abordam de modo sensacionalista e mórbido os temas que tratam. Em princípio a descrição pode até não convencer, mas o gênero exploitation conquistou os cinemas nas décadas de 60 e 70 e influenciou grandes obras-primas da sétima arte, como “Laranja Mecânica” (1972). O legado ainda persiste em trabalhos de cineastas renomados, como Quentin Tarantino, Robert Rodriguez e até mesmo Pedro Almodóvar. O professor e doutor em Artes e Cinema José Ricardo Júnior explica o lado fascinante deste gênero.
DRAMA E ROMANCE
O drama e o romance, gêneros que carregam fortes influências do teatro, estão presentes de diferentes formas na maioria dos filmes. É até difícil defini-los, porque abrangem uma variedade de obras, que incluem tanto títulos clássicos como “Hamlet”, “Casablanca” e “O Jardim Secreto”, quanto filmes contemporâneos brasileiros, como “Temporada”, “Arábia” e “A cidade onde envelheço.” A professora e pesquisadora Ana Lúcia Andrade mergulha nesse gênero.
FICÇÃO CIENTÍFICA
“2001: uma odisseia no espaço”, “Blade Runner”, “Star Wars”, e por aí vai. A ficção científica tem vários clássicos no cinema e foi desenvolvida no século XIX por meio da literatura. São filmes que lidam com especulações sobre o futuro e os impactos da ciência e da tecnologia na sociedade. É um dos gêneros mais amados e populares do cinema.
CINEMA DE FLUXO
Um dos rumos mais promissores para o cinema contemporâneo, o cinema de fluxo entrou em voga na primeira metade dos anos 2000 e inovou na forma de produzir filmes. As obras são caracterizadas por abandonar a narrativa como foco principal da produção e pelos planos e temporalidade com regras próprias, que visam gerar um sentimento no espectador.
DOCUMENTÁRIO
O documentário é um tipo de produção não-ficcional que se caracteriza, assim como o cinema de ficção, por uma representação parcial e subjetiva da realidade. Sendo assim, ele costuma “dar voz a outras vozes”, já que os fatos são contados a partir da perspectiva de alguém. A doutora em Cinema e professora Ursula Rösele traça um histórico do documentário no mundo e comenta sobre cineastas que assinaram filmes do gênero, como Humberto Mauro e Eduardo Coutinho.
Mais do Cinematógrafo
- Acompanhe a atual temporada do Cinematógrafo, que analisa os diferentes movimentos cinematográficos, entre eles a Nouvelle Vague e o afrofuturismo.
- Confira a matéria especial que relembra a segunda temporada da atração, que percorreu a história do cinema brasileiro.
- Encontre e assista a todos os vídeos do Cinematógrafo no YouTube. Curta, comente e compartilhe. Vida longa ao cinema!
Deixe um comentário