Série exclusiva para web do Coletânea fala sobre a importância dos artistas negros para a música mundial

A influência e importância de artistas negros na história da música mundial e regional é o tema da websérie “A História Não contada da música“, do Coletânea. Em seis episódios, transmitidos exclusivamente pela internet, o programa traz depoimentos de artistas e pesquisadores mineiros sobre as origens de alguns dos ritmos que movimentam e contagiam multidões não apenas nos tempos atuais.

No primeiro episódio, o músico Sérgio Pererê e a professora e ativista da luta por igualdade racial Gláucia Vaz voltam às origens da música e tradições africanas para analisar o universo da música pop. O rap, um dos estilos mais populares do mundo inteiro, se tornou um instrumento de diálogo entre os países da diáspora africana. Entender as origens da música não é se prender o passado. Pelo contrário, aquilo que é ancestral se manifesta na música atual.

“Ancestralidade não está ligada diretamente ao passado. Ela está ligada àquilo que consegue continuar fazendo sentido com o passar do tempo.”

Sérgio Pererê, músico

O rock é negro e tem mãe. A guitarrista Sister Rosetta Tharpe tem um papel fundamental na criação das bases do estilo que viria a se tornar um grande marco do século XX. O segundo episódio destaca a história da artista e a influência dela nos grupos que fizeram sucesso, e o seu apagamento ao longo da história. Seria ainda o rock um gênero muito masculino e embranquecido? Para comentar o tema, juntam-se ao time de entrevistados, neste episódio, o músico e pesquisador Thiago Pereira, e a cantora, compositora e instrumentista Michelle Oliveira.

O episódio fala também sobre como um dos nomes mais ilustres do gênero, Elvis Presley, teria se apropriado do estilo e das músicas de artistas negros sem dar o devido o crédito. Outra personagem fundamental para o rock, e muito pouco citada na história, é a Big Mama Thornton, cantora e compositora norte-americana de blues e R&B. Ela foi a primeira a gravar o hit “Hound Dog”, que ficou conhecido na voz de Elvis.

A história não contada da música

Influência, referências… apropriação e apagamento. A história apresenta repetidas situações de invisibilização de artistas e grupos negros que não fizeram sucesso na mesma proporção do que as suas “versões” brancas. Quando falamos em bossa nova, por que João Gilberto, e não Johnny Alf? No terceiro episódio o programa destaca alguns artistas que conseguiram declarar  independência em relação à indústria musical e afirmar a sua negritude. Em meio às estruturas dominantes que tentam determinar padrões de consumo, nomes como Beyoncé, nos EUA, e Emicida, no Brasil, criam as suas próprias condições de criação artística.

“… a indústria de mercado [da música] que exige ou que você seja branco, para ter sucesso, ou que, se você for negro, que atenda determinados padrões de comportamento para continuar seguindo.”

GLÁUCIA VAZ, professora e ativista da luta por igualdade racial

“O samba é o Brasil que deu certo”. A frase, do documentário “AmarElo – É tudo pra ontem”, traduz a importância de uma cultura, maior do que apenas um gênero, que sobreviveu e virou a principal referência musical do país. No quarto episódio, é hora de contar a influência da música afro-brasileira, carregada de ancestralidade, em uma sociedade que constantemente tenta apagá-la. E dentro do apagamento negro há outro: o feminino. De Clementina de Jesus a Jovelina Pérola Negra, passando por Leci Brandão e Mariene de Castro. Mulheres que resistiram duplamente para existirem por meio da música.

A história não contada da música

É preciso entender que a ancestralidade do povo mineiro é mais ampla do que é usualmente contado. A pouco estudada e divulgada afromineiridade dá o tom ao quinto episódio da série “A história não contada da música”. Nomes pouco reconhecidos e valorizados nacionalmente, como Maurício Tizumba e Marku Ribas, evidenciam como essa forma de expressão da cultura mineira ainda não alcançou o devido e merecido lugar.

No sexto e último episódio da série, os músicos Sérgio Pererê e Thiago Pereira falam sobre a representatividade da música afro-mineira na cena, além de elencar novos nomes do cenário e nos convidar a ter algumas reflexões importantes. Como as festas culturais e populares se relacionam com os festivais? Qual é o lugar da afromineiridade na cena musical? Para Pererê, ela atravessa diferentes gêneros. Ela está, por exemplo, no rap de Djonga, na música caipira de Pena Branca & Xavantinho, e no Duelo de MCs, uma das principais batalhas de freestyle rap do Brasil.

Afromineiridade na música

Para entender, e escutar, mais sobre a afromineiridade, os entrevistados da série fizeram uma curadoria exclusiva de artistas que você confere na playlist abaixo. Tem Douglas Din, Ohana, Tamara Franklin, Roger Deff, Tizumba e muito outros representando a cultura de matriz africana em Minas Gerais.

Então aperte o play e aumente o som!

ficha técnica:

produção
Tatiane Coura
estágio
Júlia Ennes
iluminação
Magela Cardoso
Robson Garcia Jr
Tatiane Coura
direção de fotografia
Magela Cardoso
Robson Garcia Jr
imagens
Cássio Jesus
Magela Cardoso
Tatiane Coura
operação de áudio
Tatiane Coura
edição de texto e revisão
Cláudio Henrique Vieira
Tatiane Coura
montagem, edição e finalização
Tatiane Coura

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