O DNA musical de Diamantina, do sagrado ao profano

Patrimônio Cultural da Humanidade, Diamantina busca agora outro título da Unesco, o de cidade criativa, no campo da música. Em uma série de reportagens, o Jornal Minas mostra como a história de Diamantina e a música se confundem.

“Diamantinense já nasce tocando em cima da mesa, em cima de qualquer lugar.”

Thiago Silva, músico e sineiro

A musicalidade dos sinos

A musicalidade de Diamantina começa por um som que atravessa séculos: o dos sinos. No passado, eles marcavam o tempo. Hoje,  eles badalam para lembrar o canto dos saberes preservados.

Diamantina ainda acorda ao som dos sinos. A música produzida pelo badalo dos sinos marca a rotina da cidade e ajuda a definir a sua história. O toque dos sinos e ofício de sineiro são registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural de todos os brasileiros.

“Se um dia o sino não toca, alguém já cobra.”
Tadeu do Rosário Pereira, padre.

O sineiro Antonio Maria trabalha com os sinos há mais de 50 anos e aprendeu os toques com mestres do passado. Hoje, opera com maestria os sinos e ensina a arte para outras gerações. Erildo do Nascimento, historiador e sineiro, destaca que o músico toca muito o seu sentimento individual, enquanto o sineiro toca sempre o sentimento coletivo. As peças da cidade emitem badaladas diversas em uma linguagem reconhecida pela população.

O órgão mais antigo do Brasil

A cidade histórica é a morada também para o órgão fixo mais antigo construído no Brasil. É o órgão Almeida e Silva Lobo de Mesquita, que não só possui um nome imponente, mas ainda ajuda a contar a história musical da cidade mineira. Esse importante “cidadão” diamantinense é uma obra engenhosa e refinada da cultura mineira. Os concertos dominicais com o instrumento atraem moradores e turistas de todo o mundo na igreja Nossa Senhora do Carmo. Confira detalhes dessa relíquia do século XVIII.

órgão Almeida e Silva Lobo de Mesquita

DNA musical

Na região de Diamantina, um conjunto de rochas de quartzito forma a gruta do Salitre, local que chama a atenção pela imponência e por sua acústica perfeita. Um local ideal para apresentações musicais como a da flautista francesa Odette Ernest, em 1999. A secretária de Turismo de Diamantina, Márcia Betânia, destaca que a flautista se encantou pela música produzida na cidade e redescobriu o som profano, que é a paisagem do lazer a da diversão de Diamantina.

A música diamantinense passa de geração em geração, vivendo com as famílias e avançando pelas ruas e ladeiras do município. Até hoje, a habilidade e o dom para as melodias se conservam dentro e fora das casas.

Jovens mantêm a tradição viva na Orquestra Jovem e os tambores e berimbaus fazem do lugar um palco de diversas culturas guiadas por sons. 

dna musical diamantina

 

A tradição das serestas e vesperatas, Clube da Esquina e JK

Você sabe a diferença entre seresta e vesperata de Diamantina? A primeira é uma tradição e a outra é patrimônio cultural de Minas. Há mais de 20 anos a tradicional vesperata encanta moradores e turistas em Diamantina. O evento é um verdadeiro concerto cujo palco está distribuído em sacadas e janelas de casarões. Turistas e diamantinenses se divertem nas noites de shows na cidade mineira.

Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, foi ponto de encontro de músicos do Clube da Esquina com o ex-presidente Juscelino Kubitschek e, é claro, acompanhados do violão. O apelido “presidente bossa nova” pegou Brasil afora, mas Juscelino gostava mesmo era das serestas. Diamantina comemora o Dia da Seresta em 12 de setembro, data do aniversário de JK. Personalidades que marcaram as melodias e acordes na cidade são destaque da reportagem  que retrata a música e toda a sua influência em Diamantina.

seresta e vesperata em Diamantina

O episódio da série mostra e ainda mostra o sarau do Arte Miúda, um coral criado há 30 anos e formado por 270 crianças e adolescentes de Diamantina.
Bar e batucada. A Bartucada de Diamantina

Bar com batucada. É a famosa Bartucada de Diamantina que até hoje toca as músicas de sucesso do carnaval. A história do grupo é ligada à cultura de repúblicas universitárias e marcada pela abertura à participação do público. Como o Carnaval deve ser!

Com quase 50 anos de história, o grupo foi fundado por um grupo de amigos. Nesta reportagem, Conrado, Flávio, Fernando Fabrino, falam sobre a fundação da Bartucada e como funciona a participação de pessoas que integram diferentes gerações.

Bartucada de Diamantina

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