Os desafios e as conquistas do futebol feminino
Que o futebol ainda é o esporte mais popular e mais praticado no Brasil e no mundo, não resta dúvida, tanto na modalidade feminina quanto na masculina. Anônimas ou reconhecidas, as mulheres estão a cada dia driblando os obstáculos para conquistar espaço e respeito em um universo masculino. A longo dos anos as mulheres tiveram que quebrar tabus para comemorar os avanços no futebol feminino.
No Brasil
No Brasil, as primeiras partidas disputadas por mulheres aconteceram nos anos 20, muito timidamente, no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte e estavam distantes dos grandes clubes e ligas esportivas. Na verdade, eram consideradas práticas de circo e eram realizadas nas periferias. Em 1940, aconteceu a primeira partida no estádio Pacaembu, em São Paulo. No entanto, parte da sociedade foi contrária e as autoridades públicas proibiram a realização das partidas.
Somente em 1979 esse cenário passa a mudar com a revogação da lei que proibia partidas de futebol feminino. Mesmo assim, a história seria muito difícil para as atletas femininas, pois a sociedade ainda era muito machista e a jogadoras não recebiam nenhum tipo de incentivo financeiro, nem do governo e nem da iniciativa privada.
A regulamentação oficial da modalidade aconteceu em 1983. A partir daí, alguns torneios foram realizados. Contudo, o caminho ainda é bem árduo. Os clubes, no geral, têm pouca infraestrutura, existem poucos campeonatos competitivos que permitem a manutenção de uma equipe e a imprensa continua dando pouco espaço.
A Copa do Mundo do Futebol Feminino
O primeiro torneio mundial feminino aconteceu em 1991, na China, com a presença de apenas doze delegações, sendo que a América do Sul teve apenas uma vaga que foi conquistada pela seleção brasileira. As jogadoras brasileiras mal treinavam, eram mal remuneradas e não tinham uniforme próprio. Além disso, os jogos não completavam 90 minutos e poucos brasileiros sabiam que o torneio estava acontecendo.
Em seguida veio ao Copa do Mundo de Futebol Feminino de 1995, depois as Olimpíadas de 1996. Na Copa de 1999, nos Estados Unidos, as brasileiras conseguem a primeira medalha de bronze. Daí em diante, a seleção participou de todos mundiais e olimpíadas com alguns resultados positivos, sendo que nas Olimpíadas de Atenas veio a medalha de prata. Porém, as dificuldades continuavam com pouco incentivo comparando ao futebol masculino.
Em 2019, com o Mundial na França, a realidade do futebol feminino começa tomar outros rumos com a obrigatoriedade dos clubes brasileiros terem times femininos e com a transmissão dos jogos pelas TVs abertas. Em 20 de julho, um novo capítulo começa a ser contado no Mundial da Austrália e Nova Zelândia.
O futebol feminino em Minas
Como nos outros estados e em outros países, as jogadoras mineiras também enfrentam situações complicadas. O percurso é longo e difícil e as oportunidades são reduzidas. Contudo, essa nova geração tem buscado incansavelmente com muito treino, disciplina, garra e empenho uma vaga no futebol profissional. Em Minas, vale destacar que os três maiores clubes de futebol possuem em sua base o futebol feminino profissional estruturado. Para a jogadora do América Futebol Clube, Karol Dias: “Futebol é tudo, é a minha vida. É minha dedicação diária e minha dedicação cem por cento”.
A realidade do futebol feminino como um negócio ainda precisa ser desenvolvida nos clubes para ter sustentabilidade financeira. Apesar do avanço no país que respira futebol, as mulheres ainda enfrentam desafios, como atrair mais clubes, patrocinadores e espaço na imprensa. Os times ainda têm pouca infraestrutura e existem poucos campeonatos para preencher um calendário competitivo que permita a manutenção da modalidade.
Texto produzido pela equipe do Se Liga na Educação
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