EJA: alfabetização pode ajudar a prevenir doenças mentais
Pesquisadores constatam que voltar a estudar faz bem para a saúde.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) pode oferecer benefícios que vão além de melhores oportunidades de trabalho: segundo um grupo de neurologistas e pesquisadores mineiros, a modalidade de ensino permite o resgate da autoestima, a construção de novos laços sociais e até mesmo previne doenças que levam à demência. É o que mostra a série de duas reportagens “EJA: Prova Científica”, do Jornal Minas.
Segundo o IBGE, há 88 milhões de pessoas analfabetas ou com a formação básica incompleta. Em Minas Gerais são 11 milhões de pessoas, quase 50% da população do estado. Em Belo Horizonte são 343 mil, 39% da população, sendo que 54.810 dessas pessoas não foram alfabetizadas. A modalidade de ensino atende pessoas com 15 anos ou mais, que nunca aprenderam a ler ou escrever, que não têm ensino fundamental e maiores de idade que não completaram o Ensino Médio.
Na primeira reportagem, o repórter Renato Franco conversa com o professor e doutor em Neurologia Paulo Caramelli, que lidera o estudo que avalia como a alfabetização pode interferir em funções cognitivas e habilidades cerebrais além da linguagem, para entender mais sobre esse poder transformador da educação, que já é reconhecido por estudantes da EJA.
“Voltando às aulas você amplia, é como se o mundo ficasse maior. É muito bom.”
Miriam Vieira, dona de casa
Nos últimos dois anos, a pesquisadora mineira Elisa de Paula França Resende participou de um programa da instituição Atlantic Fellows, para a formação de líderes mundiais em saúde mental. A neurologista recebeu incentivo financeiro para avançar em uma pesquisa iniciada na UFMG, que constatou que idosos com mais de quatro anos de escolaridade têm conexões cerebrais mais íntegras que os analfabetos. Os pesquisadores mineiros têm estudado a relação desse quadro com doenças como o Alzheimer. O objetivo da segunda etapa da pesquisa, que conta com 40 estudantes voluntários da EJA, é verificar se a alfabetização, mesmo que tardia, pode ajudar a melhorar as conexões cerebrais. Os alunos passam por testes de memória e são submetidos a ressonâncias, onde os diferentes estímulos são observados no cérebro.
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